A Primeira vez na casa espírita . Anos 60
- O
Centro Espírita era um cômodo muito simples, feito em madeira, com sinais de
que fora erguido com sobras de materiais utilizados também em construções de
alvenaria.
- Me aproximei muito emocionado e tomado por
certo suspense, pois era a primeira vez que entraria numa Casa Espírita. Deduzi
que havia alguém no seu interior, pela claridade que atravessava as frestas do
tugúrio, e pelo som da vitrola que cantava a Ave Maria.
- Dei
três batidas na porta e apareceu um senhor sexagenário, que gentil estendeu a
sua mão calosa, e exibiu um sorriso tímido, isto é meio sorriso, talvez
querendo ocultar a falha de um dente. ”Seo João” voz grave de caboclo
convidou-me para sentar e aguardar os médiuns, explicando que a reunião se
iniciaria com a chegada daqueles trabalhadores.

- Na
entrada, ao longo da parede a direita, presos num sarrafo fixado na horizontal
havia diversos cabides perfilados, sustentando capas brancas, vestimentas confeccionadas
em sacos de farinha, porém muito bem cuidadas, cujo trato na época, era chamado
de “brancura Rinso.”
- O
“Seo João” havia me informado que as reuniões se iniciavam as 20 horas e
estranhei, pois já havia passado quinze minutos do horário previsto e até então
nada dos referidos médiuns aparecerem. Pensei em indagar do respeitável senhor,
o motivo do atraso, que para mim se constituía em indisciplina, mas antes que
fizesse a pergunta, a voz grave do religioso se fez ouvir:
- -Os
médiuns estão participando da Procissão da Paróquia, e assim que terminar a
peregrinação eles chegarão.
- As
20h45min começa a entrar o pessoal. As mulheres apresentavam as cabeças
cobertas por véus muito brancos e os homens traziam nas mãos o que restou das
velas. Quando todos os médiuns já estavam paramentados com as capas brancas e
tomado assentos nas respectivas cadeiras, o Simplório dirigente da Casa
informou que naquele instante iniciariam a reunião, e todos, após se
persignarem, responderam em uníssono:
- Amém
irmão... Amém!
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