Foi numa de suas andanças pela Galiléia, que Jesus
passando juntamente com seus discípulos pela praça central de Cafarnaum, foi
abordado por uma jovem senhora que esmolava:
–Senhor! Minha permanência
neste logradouro não tem me ofertado além de algumas moedas que somente
prolongam minhas desditas! Entretanto, o que mais procuro não me foi dado
encontrar. Sabe, Senhor, que antes de dar à luz a meu filho Joseph, a desgraça
abateu-se sobre mim; Natanael, meu esposo, quando pastoreava em tarde de
tempestade, rolou de uma ribanceira, foi tragado pelas águas e morreu.
Perdendo o arrimo do meu lar, a
situação complicou-se, deserdada por meus pais por haver desposado um humilde
pastor, não pude contar com mais ninguém a meu favor. Fraca em virtude da parca
alimentação, fui acometida por grave enfermidade que se desencadeou na cegueira
em que me encontro. Meu filho cresceu e tomou o lugar do pai na arte de
pastorear, mas é um menino ainda.
Minha vida tem sido um
verdadeiro tormento, parece que a sorte resolveu afastar-se de mim. Não possuo
atualmente, nem mesmo um abrigo decente para aconchegar-me com meu filho. Na
estrebaria em que nos recolhemos, a chuva impiedosa atravessa o telhado e os
morcegos dançam em revoadas.
Já fomos surpreendidos por
serpentes fazendo seus ninhos no canto da pocilga, foi quando meu pequeno
Joseph atacado pelo réptil passou a delirar sobre os efeitos do veneno cruel,
enquanto eu, cega, tateava desesperadamente o campo na tentativa de encontrar
uma erva curadora
Quando me informaram que o
senhor estaria nestas paragens, meu coração encheu-se de esperanças.
Finalmente, em prantos, a
mulher suplica desesperada:
–Cura-me da cegueira, pois, não
suporto mais sentir o tempo passar, sem mesmo conhecer a cor dos olhos de meu filho.
Aconselha Jesus:
– Não te atormente mulher, é
melhor sermos impedidos de ver o sol por um dia, do que deixar de sentir o seu
calor por muito tempo.
Dito isso, Jesus despediu-se, deixando os apóstolos
intrigados, consolando a pobre mulher. Estranhou-se que Jesus se afastou
apressadamente sem curar a enferma.
Em seguida alguém se aproxima
da esmoleira e informa-lhe:
–Seu filho está em apuros! Acho
que foi levado pelas correntezas.
A mulher desesperada, pede para
alguém levá-la até o rio. Ao se aproximar de uma pequena elevação, ouve a voz
do menino são e salvo.
–Por Deus o que aconteceu, meu
filho?
–Caí como papai nas
correntezas, e quando não suportava mais a pressão das águas, alguém me
socorreu, ao perguntar o seu nome, respondeu-me dizendo chamar-se Jesus. Quando
lhe agradeci, despediu-se me aconselhando:
– Meu filho, vá em paz! Procure
ser o calor do sol para aquela que muito te ama.
Emocionada, com lágrimas nos olhos, demonstrando ter
entendido as palavras do Mestre, abriu os braços e afirmou:
–Vem filho, deixa-me sentir o
teu calor.
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