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terça-feira, 16 de setembro de 2014

A Esmoleira de Cafarnaum

Foi numa de suas andanças pela Galiléia, que Jesus passando juntamente com seus discípulos pela praça central de Cafarnaum, foi abordado por uma jovem senhora que esmolava:

–Senhor! Minha permanência neste logradouro não tem me ofertado além de algumas moedas que somente prolongam minhas desditas! Entretanto, o que mais procuro não me foi dado encontrar. Sabe, Senhor, que antes de dar à luz a meu filho Joseph, a desgraça abateu-se sobre mim; Natanael, meu esposo, quando pastoreava em tarde de tempestade, rolou de uma ribanceira, foi tragado pelas águas e morreu.


Perdendo o arrimo do meu lar, a situação complicou-se, deserdada por meus pais por haver desposado um humilde pastor, não pude contar com mais ninguém a meu favor. Fraca em virtude da parca alimentação, fui acometida por grave enfermidade que se desencadeou na cegueira em que me encontro. Meu filho cresceu e tomou o lugar do pai na arte de pastorear, mas é um menino ainda.
Minha vida tem sido um verdadeiro tormento, parece que a sorte resolveu afastar-se de mim. Não possuo atualmente, nem mesmo um abrigo decente para aconchegar-me com meu filho. Na estrebaria em que nos recolhemos, a chuva impiedosa atravessa o telhado e os morcegos dançam em revoadas.
Já fomos surpreendidos por serpentes fazendo seus ninhos no canto da pocilga, foi quando meu pequeno Joseph atacado pelo réptil passou a delirar sobre os efeitos do veneno cruel, enquanto eu, cega, tateava desesperadamente o campo na tentativa de encontrar uma erva curadora
Quando me informaram que o senhor estaria nestas paragens, meu coração encheu-se de esperanças.
Finalmente, em prantos, a mulher suplica desesperada:
–Cura-me da cegueira, pois, não suporto mais sentir o tempo passar, sem mesmo conhecer a cor dos olhos de meu filho.
Aconselha Jesus:
Não te atormente mulher, é melhor sermos impedidos de ver o sol por um dia, do que deixar de sentir o seu calor por muito tempo.
Dito isso, Jesus despediu-se, deixando os apóstolos intrigados, consolando a pobre mulher. Estranhou-se que Jesus se afastou apressadamente sem curar a enferma.
Em seguida alguém se aproxima da esmoleira e informa-lhe:
–Seu filho está em apuros! Acho que foi levado pelas correntezas.
A mulher desesperada, pede para alguém levá-la até o rio. Ao se aproximar de uma pequena elevação, ouve a voz do menino são e salvo.
–Por Deus o que aconteceu, meu filho?
–Caí como papai nas correntezas, e quando não suportava mais a pressão das águas, alguém me socorreu, ao perguntar o seu nome, respondeu-me dizendo chamar-se Jesus. Quando lhe agradeci, despediu-se me aconselhando:
Meu filho, vá em paz! Procure ser o calor do sol para aquela que muito te ama.
Emocionada, com lágrimas nos olhos, demonstrando ter entendido as palavras do Mestre, abriu os braços e afirmou:

–Vem filho, deixa-me sentir o teu calor.

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